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Hoje n te escrevo em metaforas

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Hoje não te vou escrever em metáforas.

Vou apenas escrever-me a mim sobre ti.

A incompreensão que sinto quando olho para trás e nos vejo neste frio presente.

Sem entender o porquê de me dizeres que, depois de tudo o que passamos, quando estivemos verdadeiramente juntos, não te sentiste bem comigo.

Mesmo quando tenho partes de nós que mostram que realmente sentimos a falta e gostávamos um do outro.

E volto a insistir, porque na minha cabeça também insiste, no porquê de tudo ter mudado como muda o tempo de hoje em dia.

Há coisas que nunca, nunca irei compreender.

Como essa tua forma de ser inconstante.

Como o facto de me desejares sem me quereres.

Continuo e provavelmente sempre continuarei sem entender porque retrocedeste todos os teus passos e muito menos irei compreender essa raiva que nasce em ti causada por mim de momentos em momentos.

Tantas vezes sem explicação, ou talvez, sem que a queiras explicar…

Talvez nem a saibas explicar.


Não, isto não é um diário.

Não te escondo que me falta o ar se não vomitar as palavras todas que te quero dizer.

Não são os segredos de uma menina apaixonada que espera vir a escrever uma página feliz,
São os desabafos de quem anseia por um dia feliz.

Pelo menos só um.

Sinto-me embriagada pelo negativismo que captam os meu olhos e afogada pela falta de ar.

Por isso escrevo-te.

Hoje pensei para mim que, talvez, se agarrasse numa garrafa de álcool e a bebesse num trago só sentia.

Sentia-me.

Porque já não me sinto.

Isto é o vácuo do meu ser que habitava neste corpo há muitos, muitos anos atrás.


Como é que posso ser opostos?

Cansada e Incansável.

Como seria se escrevesse para os anúncios dos “Desesperados”?

“Olá eu sou a Cansada da vida mas que a procura Incansavelmente sem sucesso”

Acham que alguém me daria valor?

Eu sei que não mo dou.


Dizes-me que tenho um dom com as palavras.

Será que consegues ver para além do dom?

Porque quando eu te peço para me deixares fantasiar o queimar das velas da cera que derramas e deixas escorrer no meu corpo, quando te digo que ela é como tu, queima e dá prazer, não é só um dom é um desejo da tua atenção.

Já reparaste que me tornei masoquista?

Acho que não tenho outra condição senão aprender a gostar da dor, já que é a que mais abunda na minha vida.

Resta a questão: Será que tenho uma predisposição para correr para situações extremamente dolorosas?

É que por mais que me esfole continuo na mesma merda de caminho.


Já repararam que é impossível ver qualquer tipo de filme sem que haja uma ligação amorosa entre as personagens?

Não falo dos filmes que é suposto isso acontecer mas, por exemplo, numa comédia, num filme de terror, sei lá…

Há dias em que sinto aversão ao amor e tudo o que deriva dele

E que o pronunciar de um amo-te selado com um beijo dá-me vómitos.

Inconscientemente cria-se uma ideia de que a pessoa com quem gostávamos de viver aquele momento poderá ou estará a fazer o mesmo com outro alguém.

Sendo assim, desligo a televisão e vou curar a neura com música.


Costumo a pensar que a música é a minha terapia.

Ligo o rádio e oiço uma música simples, nada romântica, nada agressiva.

Entro no flow da música e quando menos espero começo realmente a escuta-la.

Cresce aquele turbilhão de mil e um sentimentos que tomam conta de mim.

Choro, grito, rogo pragas a quem se atreveu a desafiar-me a olhar dentro de mim.

Merda de rádio, merda de gente estúpida que mete músicas de merda, merda de artista que tinha de sentir a mesma merda que eu e que me faz ver a merda de sentimentos que tenho na merda da minha vida!

Porra – penso – Estará tudo contra mim?


É assim que volto a correr para ti.

Porque tudo o me que rodeia se torna insuportável,
Quando eu me torno insuportável,
Menos tu.
Um dia vou escrever o meu livro... Hoje é o dia!
© 2008 - 2024 Itah
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